SP segue com menor taxa de homicídios do país, mas piora nos rankings nacionais de letalidade policial, estupro, feminicídio e latrocínio
Índice de homicídios no estado é o mais baixo entre as 27 unidades federativas desde o começo da série histórica do Ministério da Justiça, em 2015. Leva...
Índice de homicídios no estado é o mais baixo entre as 27 unidades federativas desde o começo da série histórica do Ministério da Justiça, em 2015. Levantamento classifica os estados de acordo com a taxa por 100 mil habitantes. São Paulo se mantém como o estado com a menor taxa de homicídios do país, mas piorou a sua colocação em 2024 nos rankings nacionais de letalidade policial, estupro, feminicídio, latrocínio e lesão corporal seguida de morte, segundo dados do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp), do Ministério da Justiça. ➡️ Entenda: O ranking classifica os estados de acordo com a taxa por 100 mil habitantes. A classificação vai de 1 a 27, o que corresponde ao número de unidades federativas do país. Estar em 1º lugar indica o pior cenário (maior índice de determinado crime), enquanto estar em 27º lugar representa o melhor cenário. Quando se analisam os números de homicídio doloso (com intenção de matar), São Paulo segue com os melhores índices do país, o que o coloca na 27ª colocação desde o começo da série histórica do Ministério da Justiça, em 2015. De janeiro a outubro de 2024, foram 1.959 vítimas de homicídio doloso no estado, uma taxa de 5,11 casos por 100 mil habitantes. Em Pernambuco, estado com a pior colocação no ranking nacional desse crime, a taxa de homicídios é de 34,39/100 mil. Letalidade policial 📍 De janeiro a outubro de 2024, São Paulo ficou em 15º lugar em mortes por intervenção policial, com um total de 676 mortes. No mesmo período do ano passado, o estado estava em 21º lugar, com 407 mortes registradas. Essas mortes colocaram o estado de volta no patamar de 2020, antes da implantação da câmera corporal nos uniformes policiais. A introdução das câmeras fez os índices despencarem, especialmente após 2022, quando o uso do equipamento ganhou escala. Mortes por intervenção policial de janeiro a outubro de 2024 São Paulo também piorou sua colocação nacional em outros crimes. De janeiro a outubro de 2024, foram 148 latrocínios (roubo seguido de morte), o que deixa o estado como 16º pior do país. No mesmo período de 2023, foram 135 mortes, quando o estado paulista ficou na 20ª posição. 🚨 Os índices de estupro, feminicídio e lesão corporal seguida de morte também pioraram e, consequentemente, a posição do estado no ranking. "A violência policial é uma medida populista, que muitas vezes dá voto, mas não existem evidências de que uma polícia mais violenta é mais eficiente ou que a alta letalidade reduz crimes", analisou a diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno. A pesquisadora também destaca que o cenário de aumento da letalidade policial sem a melhora nos índices gerais de violência é observado em outros estados, como a Bahia. 📋 Metodologia: o levantamento considera os dados do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp), que são fornecidos pelas 27 unidades federativas ao Ministério da Justiça. Segundo a pasta, os dados dos últimos três meses deste ano são preliminares e estão em processo de validação com os estados. Além disso, o Rio de Janeiro ainda não entregou os números de outubro de 2024 em sua totalidade. Nota da SSP Em nota enviada ao g1, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo afirmou que a taxa de mortes por intervenção policial no estado é de 1,76 por 100 mil habitantes, menor do que a média nacional, que é de 2,89 por 100 mil habitantes. A pasta também afirmou que as forças de segurança não compactuam com desvios de conduta e punem com rigor aqueles que infringem a lei ou violam as normas e procedimentos de suas corporações. (Veja a íntegra da nota no final do texto). ‘Olha as estatísticas’ O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, durante entrevista coletiva em março de 2023. Celio Messias/Secom/GESP Após a série de casos de violência policial no estado de São Paulo nos últimos dias, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) defendeu na quarta-feira (20) o trabalho do secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite (PL). Ao ser questionado pela imprensa sobre a possibilidade de demitir Derrite do cargo e se considerava que o secretário estava fazendo um bom trabalho, Tarcísio se limitou a responder: "Olha os números que você vai ver que está [fazendo um bom trabalho]". Diante da insistência dos jornalistas, repetiu: "Olha as estatísticas". Ele, no entanto, não informou quais seriam esses dados. Nesta quinta-feira (5), o governador de SP disse que mudou de ideia e passou a defender o uso de câmeras corporais nas fardas. Tarcísio admitiu que "tinha uma visão equivocada" quando criticou o equipamento e afirmou que está "completamente convencido de que é um instrumento de proteção da sociedade e do policial". Casos de violência policial PM joga homem de ponte após abordagem em SP Nesta semana, casos envolvendo abuso de autoridade e letalidade policial ganharam repercussão entre autoridades e entidades de direitos humanos. No domingo (1°), um policial militar foi flagrado arremessando um jovem em um córrego durante abordagem no bairro Vila Clara. Na segunda (2), imagens de câmera de segurança que flagraram a execução de Gabriel Renan da Silva Soares, de 26 anos, também vieram a público. O caso ocorreu em 3 de novembro. Veja as imagens abaixo: Jovem negro de 26 anos é executado por policial militar de folga em mercado de SP Na quarta-feira, policiais militares agrediram uma mulher de 63 anos e deram um golpe de mata-leão em seu filho durante abordagem na garagem da família em Barueri, na Grande São Paulo, na noite. Vídeos gravados por testemunhas e obtidos pela TV Globo registraram a cena violenta. Família diz ter sido agredida por PMs em Barueri Reprodução Íntegra da nota da SSP A SSP reforça que todos os casos de morte em decorrência de intervenção policial são rigorosamente investigados pelas polícias Civil e Militar, com acompanhamento das corregedorias, Ministério Público e Poder Judiciário. As forças de segurança não compactuam com desvios de conduta e punem com rigor aqueles que infringem a Lei ou violam as normas e procedimentos de suas corporações. De acordo com os dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública, a taxa de mortes por intervenção policial no estado de São Paulo é de 1,76 por 100 mil habitantes, menor do que a média nacional, que é de 2,89 por 100 mil habitantes. Desde o início do ano passado, mais de 280 policiais foram demitidos e expulsos, enquanto um total de 414 agentes foram presos. A Polícia Militar mantém um programa de formação continuada para todo efetivo. Os policiais são submetidos a capacitações teóricas e práticas para atualizar e aprimorar as atividades de policiamento e o relacionamento com a sociedade. Mais segurança em São Paulo No Estado, de janeiro a outubro de 2024, os homicídios dolosos apresentaram uma queda de 2,9%, com 62 casos a menos em comparação ao mesmo período de 2023. Os latrocínios caíram de 14 para 13 em outubro de 2024, em relação a outubro do ano anterior. Os furtos também registraram queda de 3,7%, enquanto os roubos diminuíram 14,9%. Esses resultados foram impulsionados pelo reforço no efetivo policial, investimentos em equipamentos e o uso de tecnologia e inteligência nas operações. Além disso, 11.820 armas de fogo foram retiradas das ruas, 2.492 a mais do que no ano passado, e 168.067 infratores foram presos ou apreendidos.