Representantes de Faculdade de Direito sul-africana visitam a PUC-Campinas
A University of Fort Hare é uma das mais importantes do país africano e um amplo acordo de cooperação deve ser celebrado entre ambas as instituições Cré...
A University of Fort Hare é uma das mais importantes do país africano e um amplo acordo de cooperação deve ser celebrado entre ambas as instituições Crédito: Divulgação Representantes da prestigiosa Faculdade de Direito da University of Fort Hare, localizada na província do Cabo Oriental, na África do Sul, uma das mais importantes do país africano, visitaram a PUC-Campinas entre os dias 18 e 20 de novembro, na Semana da Consciência Negra, a fim de celebrar um amplo acordo de cooperação entre ambas as instituições e um convênio específico entre as faculdades de Direito, que inclui, dentre outras diretrizes, a mobilidade de estudantes de graduação e pós-graduação, professores e pesquisadores entre as universidades. Durante a estadia no Brasil, o Prof. Dr. Enyinna Sodienye Nwauche, professor da Faculdade de Direito; o Prof. Dr. Mzukisi Njotini, decano da Faculdade de Direito e presidente da Associação de Decanos de Direito da África do Sul; e a bacharel em Direito, candidata ao Mestrado em Direito em Regulamentação da Concorrência e assistente de pesquisa do professor Nwauche, Alizwa Zisile, irão participar, amanhã, da 24ª Marcha Zumbi dos Palmares, que terá início na Estação Cultura, no Centro de Campinas, às 9h, e seguirá até o Largo do Rosário, celebrando o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. Durante a visita, os representantes da Faculdade de Direito da University of Fort Hare conheceram várias das instalações do Campus I, incluindo o CEAAB e os prédios dos EHJS, ao lado de dois estudantes africanos e intercambistas da PUC-Campinas; do ativista da Rede Afro LGBT, César Gomes; e de membros do Departamento de Relações Externas (DRE) da Universidade. Crédito: Divulgação De acordo com o coordenador do Departamento de Relações Externas da PUC-Campinas (DRE), Prof. Me. Carlos Eduardo Pizzolatto, o convite da PUC-Campinas aos representantes da universidade sul-africana foi realizado para esta data, exatamente, por conta do simbolismo e importância do Dia da Consciência Negra. Ele lembra ainda que a Faculdade de Direito da Universidade de Fort Hare trabalha fortemente com a questão dos direitos humanos, “tendo um programa de pós-graduação bastante focado nessa área” e que por isso mesmo, “nós achamos que seria bastante propícia a visita deles durante este período relativo ao Dia da Consciência Negra”. Eventos realizados Nos dias de visita, os representantes da universidade sul-africana participaram de uma série de atividades na PUC-Campinas. “Na segunda-feira, pela manhã, o professor Njotini ministrou, na Sala do Júri, na Escola de Ciências Humanas, Jurídicas e Sociais (EHJS), no Campus I, uma palestra para os alunos da Faculdade de Direito da PUC-Campinas, com transmissão para a Universidade de Fort Hare, intitulada “Universidades e Direitos Humanos em Uma Sociedade em Constante Evolução”. Posteriormente, nós realizamos uma roda de conversa no Centro de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros ‘Nicéa Quintino Amauro’ (CEAAB), com as presenças da coordenadora do CEAAB, Profa. Dra. Waleska Miguel Batista; da presidente da Associação dos Religiosos de Matriz Africana de Campinas e Região (Armac) e membro do CEAAB, Comendadora Edna Almeida Lourenço; dos analistas de relações internacionais do DRE, Evandro Martins e Marcos Regina Moreira; do ativista da Rede Afro LGBT, César Gomes; e dos estudantes africanos intercambistas da PUC-Campinas, Hermenegildo de Oliveira, de Angola, e Abubacar Banorá, da Guiné-Bissau”, comenta Pizzolatto. Na terça-feira, o professor Nwauche e a sua assistente de pesquisa, Alizwa Zisile, também proferiram a palestra “Constitucionalismo Transformador no Setor de Cultura e Artes da África do Sul”. Na parte da tarde, houve a discussão das cláusulas referentes a assinatura do acordo de cooperação entre a PUC-Campinas e a Universidade de Fort Hare. A formalização, segundo o professor Pizzolatto, deve ocorrer em breve. Na terça-feira, o professor Enyinna Sodienye Nwauche e a sua assistente de pesquisa, Alizwa Zisile, proferiram uma palestra na Sala do Júri da Escola de Ciências Humanas, Jurídicas e Sociais (EHJS). Crédito: Divulgação Formando conexões Para o Prof. Dr. Mzukisi Njotini, decano da Faculdade de Direito da University of Fort Hare, a possibilidade da realização desse acordo de cooperação entre a PUC-Campinas e a Fort Hare é alta, em especial, pelos diversos pontos em comum entre ambas as instituições naquilo que se refere a busca pelos mais elevados níveis de ensino. Ele explica ainda que é importante aproveitar as oportunidades oferecidas pela integração existente entre Brasil e África do Sul através do BRICS para garantir que as instituições que operam nos países do bloco estabeleçam ligações mais estreitas entre si. “A ideia é formarmos conexões ou encontrar áreas onde possamos aprimorar os processos educativos e aumentar o apoio aos alunos através de programas de intercâmbio estudantil e isto não deve acabar por aí, pois, o que nós realmente queremos é encontrar maneiras pelas quais possamos fazer parcerias naquilo se refere a pesquisa e ao ensino de qualidade, sempre conversando com os governos de nossos países”, comenta o decano da Faculdade de Direito da universidade sul-africana. O evento, voltado para os alunos da Faculdade de Direito da PUC-Campinas, teve como tema o “Constitucionalismo Transformador no Setor de Cultura e Artes da África do Sul”. Crédito: Divulgação Visita grandiosa A coordenadora do CEAAB, Profa. Dra. Waleska Miguel Batista, considera a visita grandiosa, em especial porque acontece em plena semana do Dia da Consciência Negra, em seu primeiro ano como feriado nacional, e também pelo fato de a PUC-Campinas mostrar todo o combate antirracista que a Instituição realiza. Os representantes da University of Fort Hare participaram de uma roda de conversa no CEAAB que contou ainda com as presenças da coordenadora do local, Profa. Dra. Waleska Miguel Batista; da presidente da Associação dos Religiosos de Matriz Africana de Campinas e Região (Armac) e membro do CEAAB, Comendadora Edna Almeida Lourenço; de membros do DRE; do ativista da Rede Afro LGBT, César Gomes; e de dois estudantes africanos intercambistas da PUC-Campinas: Hermenegildo de Oliveira, de Angola, e Abubacar Banorá, da Guiné-Bissau. Crédito: Divulgação “Trazer representantes de uma grande universidade sul-africana para que estes façam uma visita e realizem tratativas para uma possível cooperação mostra todo o combate antirracista da PUC-Campinas, pois não é só falarmos sobre o combate antirracista em si, mas é o ato de se trazer pesquisadores e professores intelectuais, negros, para debater sobre constituição e direitos humanos, o que atravessa também o debate de combate a toda forma de discriminação”, explica a coordenadora do CEAAB. Ela continua dizendo que “para o Centro de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros ‘Dra. Nicéa Quintino Amauro’ é um imenso prazer e orgulho ter esses docentes aqui conosco, agregando conhecimento ao longo desta semana em que a gente vai reforçar todo o nosso antirracismo, com debates e palestras que acontecerão aqui na PUC-Campinas e em toda a cidade de Campinas, como a Marcha Zumbi dos Palmares”. Segundo a presidente da Associação dos Religiosos de Matriz Africana de Campinas e Região (Armac) e membro do CEAAB, Comendadora Edna Almeida Lourenço, “todos os países têm de ser ricos de formação, de instrução, pois a primeira riqueza que nós temos na vida tem de ser a educação, então, quando a gente tem a África aqui representada através dos nossos irmãos, no Mês da Consciência Negra, principalmente nessa semana, nesse espaço voltado para nós, é que nós percebemos que estamos a cada dia avançando mais e comprovando que a PUC-Campinas tem um grande compromisso em ser antirracista e isso é um presente que vem coroar o nosso trabalho”. Marcha Zumbi dos Palmares Sobre a Marcha Zumbi dos Palmares, da qual os representantes da University of Fort Hare também participarão, a Comendadora Edna esclarece que a luta do movimento negro campineiro era a de conseguir um feriado municipal, o que foi obtido e “agora, desde 21 de dezembro do ano passado, ele é nacional, mas nós ainda saímos à rua para pedir basta ao racismo e é por essa transversalidade de tantos locais em que o racismo ainda é praticado é que a marcha traz em suas faixas, em suas manifestações, toda a nossa luta e o nosso desejo por respeito, dignidade e igualdade de oportunidades. Isso é o que nós queremos. E a gente sonha em deixar um legado para os nossos pequenos e pequenas no sentido de sedimentar o caminho no combate ao racismo”. A Comendadora encerra dizendo que “nós temos que deixar um legado para o futuro. Eu sou bisneta de Clara Egídio de Sousa Aranha, que foi escravizada, e ela preparou o caminho para que eu pudesse lutar e eu tenho que preparar esse mesmo caminho para as crianças de agora, porque ainda há muito pelo que lutar, muito o que combater e é por isso que nós marchamos”.